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sábado, 25 de maio de 2013

A Origem das Notas Musicais - Parte 3



Modos Gregos – A Origem 

A música antiga (mais precisamente, aquela que vai até o século XII) empregou um sistema especial de escalas às quais se dá o nome de modos. Dando continuidade ao assunto que vem sendo abordado desde o início deste blog (a origem das notas musicais) vamos falar hoje sobre os precursores de todas as escalas que conhecemos hoje no nosso sistema ocidental (temperado): Os Modos Gregos. Dentre os povos antigos, os gregos foram os que mais se destacaram pelo amor e cultivo das artes. Foram os gregos que criaram a própria palavra “MÚSICA” que quer dizer “ARTE DAS MUSAS”. Sua escala era baseada em TETRACORDES (sequência de quatro notas seguidas) que recebiam o nome de modos. Estes adquiriram nomes diferentes conforme as regiões da Grécia em que predominavam, consoantes às tradições culturais e estéticas de cada uma delas.

Assim, cada uma das regiões da antiga Grécia deu origem a um modo (organização dos sons naturais) muito próprio, e que adaptou a denominação de cada região respectiva. Desta forma, aparece-nos:

O MODO DÓRICO (Dória) – Platão considerava o modo dórico solene e grandioso, por despertar a virtude e a coragem;

O MODO FRÍGIO (da região da Frígia) – Este modo materialista e sensual, favorecia a impetuosidade e a orgia;

O MODO LÍDIO (da Lídia) - Afável, doce e sensual, o modo lídio era usado nos cantos juvenis, pois favorecia a educação, despertando o gosto pelo belo e pelo puro. Também aparece outro — que é uma mistura dos modos lídio e dórico — denominado MODO MIXOLÍDIO.

 O sistema tonal grego teve por base o “tetrachordon”, interpretado na lira de 4 cordas. Os modos eram originalmente formados por apenas quatro notas. O modo Dórico era considerado o modo principal por ser adotado em toda a Grécia. Servia de base para todos os hinos e canções patrióticas.

Bem mais tarde, na Idade Média, esses conceitos influenciaram a música cristã. Os modos foram usados especialmente na música litúrgica da Idade Média, sendo que poderíamos também classificá-los como modos "litúrgicos" ou "eclesiásticos". Existem historiadores que preferem ainda nomeá-los como "modos gregorianos", por terem sido organizados, também, pelo papa Gregório I, quando este se preocupou em organizar a música na liturgia de sua época.  Pesquisas revelaram que os modos gregos começavam em notas diferentes das dos homônimos eclesiásticos. Além disso, os gregos consideravam a escala no sentido descendente.


Os modos litúrgicos conservam o nome dos modos gregos, mas a sua formação é diferente: começam com outra nota e sua disposição é ascendente.

Os modos litúrgicos podem ser comparados às escalas diatônicas modernas, encontrando-se em cada um deles uma nota diferencial. O intervalo entre a tônica e a nota diferencial é o intervalo característico.


O modo dórico é um modo menor (há um intervalo de terça menor entre os graus I e III). O intervalo característico é 6ª M.


O modo frígio é um modo menor (há um intervalo de terça menor entre os graus I e III). O intervalo característico é 2ª m.


O modo lídio é um modo maior (há um intervalo de terça maior entre os graus I e III). O intervalo característico é 4ª Aum.

O modo mixolídio é um modo maior (há um intervalo de terça maior entre os graus II e III). O intervalo característico é 7ª m.

Os intervalos característicos são também chamados de sexta dórica (6ª M), segunda frígia (2ª m), quarta lídia (4ª Aum) e sétima mixolídia (7ª m).

No século XVI surgiram os modos eólio e jônio.


O modo eólio é um modo menor (há um intervalo de terça menor entre os graus I e III). O modo eólio, como veremos mais a diante, tornou-se modelo para a formação das escalas menores na forma primitiva.


O modo jônio é um modo maior (há um intervalo de terça maior entre os graus I e III). O modo jônio, como veremos mais a diante, tornou-se modelo para a formação das escalas diatônicas maiores.

Com o passar dos anos houve um processo de desenvolvimentos e de sucessiva decadência da lógica modal, que levou ao surgimento do sistema tonal. O temperamento da escala e a estipulação de uma afinação padrão, fizeram com que os modos perdessem gradativamente sua importância visto que a escala cromática englobava a todos.No fim da Idade Média, por volta da metade do século XVI, a música erudita foi dando preferência aos modos jônio e eólio que passaram então a chamar-se, respectivamente de “modo maior” e “modo menor”.

Observação: Se durante a leitura deste post você se viu confuso em meio a certas nomenclaturas e sinais de escrita musical, não se preocupe, mais adiante falaremos da formação das escalas maiores e menores (inclusive as menores melódicas e harmônicas), escrita musical (partitura, tablatura e cifras) e muitos outros assuntos interessantíssimos para os amantes apaixonados por música e iniciantes neste mundo místico, filosófico, poético, artístico, científico, alucinante, surpreendente e desafiador, que é a música.

Até a próxima!!!

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