Traduzir para outro idioma

domingo, 2 de março de 2014

Teoria Musical - Aula 1

Conceitos Básicos Sobre a Música e o Som

Nos textos anteriores foi visto um pouco sobre a história da música, com foco voltado à origem das notas musicais. Depois de muita história vamos agora adentrar nos conceitos e signos que regem a TEORIA MUSICAL.

Quando falamos de teoria logo vem à mente um professor, uma lousa, livros, cadernos, aquela aula chata onde o professor fala pra caramba e os alunos ficam estáticos, bocejando e esperando ansiosamente o momento do fim da aula (isso quando não resolvem matar aula por não suportar mais ver aquele cara falando sobre algo que ninguém entende).

Porém, eu vejo de forma diferente. Sempre costumo dizer que teoria musical é como uma receita de um bolo. Você pode fazer um bolo sem receita? Bom, poder até pode, porém isso vai lhe dar mais trabalho e tempo porque você vai tentar, experimentar e fracassar várias vezes até achar o ponto ideal. E com certeza se você parar de fazer bolos acabará esquecendo como se faz.

Com a música não é diferente. Quando você entende a música, você passa a "andar com os pés no chão". Se você errar (o que é normal quando estamos aprendendo) provavelmente saberá onde foi o erro e  consequentemente conseguirá, a longo ou curto prazo, resolvê-lo. A música é uma linguagem e para que uma lInguagem seja executada de forma fluente é preciso que ela seja praticada constantemente até atingir a naturalidade, e também é necessário que conheçamos os seus conceitos e regras, a sua "gramática". E é exatamente o que faremos agora: entender a gramática musical, ou seja, a partitura.

O Que é Música?

Ok, então vamos "começar do começo" (risos). Para entendermos a música primeiramente devemos saber alguns conceitos primordiais. Se alguém, por exemplo, lhe pergunta-se O QUE É MÚSICA? Qual seria sua resposta?

Muitos conhecem a música de forma intuitiva, ou seja, sabem o que é, porém, não sabem explicar o que é. Podemos encontrar vários conceitos sobre música, abordados por vários estudiosos e profissionais da área. Entre eles:

 “Música é a arte de manifestar os diversos afetos de nossa alma, mediante o som.” (Paschoal Bona)

“Música é a arte dos sons, combinados de acordo com as variações da altura, proporcionados segundo sua duração e ordenados sob as leis da estética” (Maria Luíza Priolli)

“Arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido. Qualquer composição musical; conjunto ou corporação de músicos; orquestra; filarmônica.” (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo Dicionário da Língua Portuguesa).

“Qualquer composição musical; conjunto ou corporação de músicos; orquestra; filarmônica.” (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo Dicionário da Língua Portuguesa).

“Arte de coordenar fenômenos acústicos para produzir efeitos estéticos”. (Enciclopédia Britânica – Barsa)

“Arte que utiliza os sons combinados entre si como linguagem e como elemento de comunicação”. (Enciclopédia Mirador)

“Música é a arte e ciência da combinação dos sons.” (Francisco Fernandes, Dicionário Brasileiro Contemporâneo)

“Música é a arte de combinar os sons simultânea e sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção dentro do tempo.” (Bohumil Med).

“Música é a arte dos sons.” (Almir Chediak)

Como podemos ver existem várias formas de explicar o que é música. Podemos pensar na música como arte mas ela também é ciência, pois a música ocidental (herança da cultura greco-romana), como vimos em A Origem das Notas Musicais - Parte 1, surgiu com os estudos de Pitágoras, matemático grego. Posteriormente a música passou a fazer parte das quatro disciplinas que formam o quadrivium,1 (aritmética, geometria, astronomia e música) ensinadas na fase inicial do percurso educativo nas universidades helenísticas na Grécia Antiga.

O SOM E SUAS PROPRIEDADES

Todo artista faz uso de uma matéria prima, que consiste no objeto de trabalho dele, ou seja, algo bruto que será manipulado até que, depois de muito trabalho, transforma-se em obra de arte. O pintor tem como matéria prima as tintas e a tela. O escultor tem a pedra como matéria prima. E o músico? Qual seria a matéria prima que devemos manipular para que, como resultado, obtenhamos nossa obra de arte?


Se você respondeu (ou pensou em responder) som, acertou. Se o som é nossa matéria prima, logo, a música então será nossa obra de arte acabada.

Seja você um músico compositor (aquele cria a obra, ou seja, compõe a música) ou um intérprete (aquele que reproduz algo que já foi criado por outro compositor), é importante que você entenda as propriedades do som. Elas são quatro:

Duração: É o tempo em que se prolonga o som. Caracteriza os sons como longos ou curtos.

Altura: É determinada pela frequência das vibrações. Quanto menor a velocidade da vibração, mais grave é o som e quanto maior a velocidade, mais agudo será o som.

Intensidade: Amplitude das vibrações; é determinada pela força que é empregada na execução das notas, caracterizando o som como forte ou fraco. É o grau de volume sonoro.

Timbre: É a qualidade do som, pode-se, por ele, identificar sua origem. É através do timbre que identificamos se um som vem do instrumento, como por exemplo, o piano, flauta; ou da voz humana.

Os sons também podem ser classificados como:

Sons Regulares: 

São aqueles que possuem frequências bem definidas, o que depende da regularidade das vibrações do corpo sonoro. Em outras palavras, a organização destes sons forma uma sequência chamada de escalas. Sendo assim podemos deduzir que as notas musicais (DÓ-RÉ-MI-FÁ-SOL-LÁ-SI) são sons regulares.

Sons Irregulares:

São sons indefinidos, isto é, são produzidos por vibrações irregulares. Podemos entender estes sons como qualquer som que não represente uma nota musical, ou seja, se não esta entre as notas de DÓ a SI (e nem entre os sustenidos e bemóis) então este pode ser considerado como um som irregular. Exemplo: chuva, trovão, explosão, palmas, sons percussivos (bateria), entre outros.

Detalhe: Na música utilizamos tanto sons regulares quanto sons irregulares. Não é porque chamamos de sons irregulares, que eles não possam fazer parte de uma obra (música). É possível até mesmo fazer música somente com sons irregulares. Em outra oportunidade poderemos falar sobre música corporal, que um tema muito interessante, que envolve rítmica e coordenação motora


Elementos da Música

Agora que já sabemos quais as propriedades de nossa matéria prima, resta-nos sabermos como combinar os sons para compor uma obra musical. Existem basicamente três formas de combinar os sons.
  1. Melodia: Conjunto de sons dispostos de maneira sucessiva, ou seja, sons tocados um após o outro (concepção horizontal da música). Por exemplo, quando alguém canta, ou quando um músico executa um solo, ele esta tocando de modo melódico, executando as notas uma por uma.

  2. Harmonia: Sons tocados simultaneamente, ou seja, os sons são executados ao mesmo tempo (concepção vertical da música). Um exemplo de harmonia é um coral de vozes, onde cada voz canta em uma nota diferente, porém, de uma maneira harmoniosa, formando um arranjo agradável aos ouvidos.

  3. Ritmo: Combinação dos valores de duração do som. É a ordem e proporção em que estão dispostos os sons que constituem a melodia e a harmonia.


Considera-se imprescindível a participação dos três elementos para uma expressão musical.

Observação: Alguns autores incluem entre os elementos da música o contraponto, que consiste em um conjunto de melodias dispostas em ordem simultânea (concepção ao mesmo tempo horizontal e vertical da música).



1
As Sete Artes Liberais englobam dois grupos de disciplinas, o Trivium e o Quadrivium, onde o primeiro concentra o estudo do texto literário por meio de três ferramentas de linguagem pertinentes à mentes (dialética, retórica e gramática), enquanto o segundo engloba o ensino do método científico por meio de quatro ferramentas relacionadas à matéria e à quantidade (aritmética, música, geometria e astronomia).

0 comentários:

Postar um comentário